As leis e quem as faz
Há quem, acoberto da imunidade,
Possa fazer e dizer quase tudo,
Que há sempre quem cale a verdade,
E por medo se quede mudo.
Aprovam leis e têm-nas por boas,
Enquanto nenhum deles escorrega,
Mas contra elas inventam loas,
Se a justiça em falta os pega.
Quando os pobres são acusados,
As leis estão bem como estão.
Mas se são políticos os visados:
Há que revê-las e fazer alteração!
Quando nem de seus próprios lares,
Conhecem a vivência do dia a dia,
Afirmam a inocência dos seus pares,
Com uma certeza quase doentia.
Deviam ser exemplo e garantes,
Das leis de que são autores,
Mas mostram-se sempre relutantes,
E raramente são cumpridores,
Têm a verdade como certa e sabida
Mas usam tudo para a combater
Desde a teia mais bem urdida
À lei que se apressam a distorcer
Os que têm mais dinheiro e poder,
Julgam-se uns pequenos reis,
A quem nada pode acontecer,
Ainda que violem regras e leis.
Adiam a justiça indefinidamente,
Para quem tem poder e conhecimentos.
Mas aplicam-na rápida e contundente,
Para os simples e sem proventos.
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