Orgulho perdido?
Que é feito do velho patriotismo,
E do orgulho da raça Portuguesa,
Se já se rendeu ao conformismo,
De só ter estrangeiro á sua mesa?
Se não produzimos o que comemos,
E importamos mais que exportamos,
Não tarda muito estaremos,
Como velha arvore sem ramos.
Querer ter fama e viver como rico,
Sem que tenha posses nem meios,
Arrisca-se a sofrer do fanico,
E a perder sem querer os arreios.
Quem gasta mais do que ganha,
E não pára com tais deslizes,
Não se alegre com a façanha,
Podem ter fim os dias felizes.
Ninguém pode, eternamente,
Viver á custa dum subsidio,
A menos que se julgue concorrente,
A um lento e colectivo suicídio.
Querer ser rico sem poder,
E querer o que eles consomem,
É o pior que pode acontecer,
Para levar a ruína ao homem.
Nesta Europa a que pertencemos.
Já tivemos o estatuto de Senhores,
Mas faz já anos que o perdemos,
E hoje somos apenas servidores.
Está em perigo a nossa identidade,
E a sobrevivência como Nação,
Se não tivermos a coragem e vaidade,
Que o passado nos legou como lição.
Não sei para onde caminha,
Ou para onde levam sem querer,
Esta terra que é Pátria minha,
E há tanto tempo sinto gemer.
Se disto fossem informados,
Quantas mágoas e desilusões,
Sentiriam os nossos antepassados,
Viriato, Afonso ou Camões.
Que diriam Vieira ou Pessoa,
Profetas do quinto Império,
Deste povo que hoje se abalroa,
E sujeita a tão grave vitupério?
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